Política

'Vamos romper esse contrato', avisa Ricalde em São Gonçalo

Para Ricalde, a aliança PC do B com Psol é a alternativa de renovação na cidade. Fotos: Pedro Conforte

Por Matheus Merlim


Aos 35 anos de idade o candidato à Prefeitura de São Gonçalo, pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Isaac Ricalde aposta na aliança com o Partido Socialismo e Liberdade (Psol) — através da professora Ana Cardinal, que vem como vice na chapa — para oferecer o que considera 'renovação das práticas políticas e programáticas na cidade'. Servidor público municipal desde 2011, o político enfrentou acusações dos adversários de ser um 'fantasma da máquina pública'. Nascido no Rio Grande do Sul, para o candidato os últimos governos de São Gonçalo fizeram o que ele chama de ‘gestão do caos’.

  • Por que São Gonçalo precisa de Isaac Ricalde como prefeito pelos próximos quatro anos?

Porque nós temos na cidade muitos desafios que foram se acumulando ao longo do tempo, muitos problemas não resolvidos. Precisamos tratar os problemas da cidade para que a gente possa oferecer uma condição de vida melhor para a nossa população, que é submetida a serviços precarizados, com desemprego e violência. A política tradicional não tem conseguido dar conta de responder a essas questões e esses problemas. Sempre tivemos uma leitura muito crítica dos últimos governos porque eles fazem o que eu chamo de ‘gestão do caos’, que é o pensar no hoje e no agora. Queremos pensar a cidade para o futuro.

  • O que o senhor considera como principal problema na gestão atual municipal de São Gonçalo?

Pensar no agora, no imediato, é um problema muito sério porque São Gonçalo tem problemas concretos, como saneamento básico, segurança, educação e saúde. O governo não enfrentou nenhum desses problemas. Se a gente for parar para ver o que era São Gonçalo antes do governo José Luiz Nanci e o que é depois, a cidade piorou, andou para trás.

  • E o que o senhor faria de diferente para resolver esses problemas?

É uma cidade diferente dos vizinhos, porque tem problemas mais complexos. É maior e mais populosa, com uma população de configuração social diferente e isso precisa ser enfrentado. Precisamos desenvolver a economia para gerar emprego e renda na cidade e precisamos qualificar os serviços públicos.

  • Qual a análise que o senhor faz de seus adversários?

No geral são candidatos que estiveram nos últimos governos e ajudaram a conduzir a cidade no rumo do atraso. Quase todos eles. Temos o atual prefeito com uma gestão muito ruim. O atual vice-prefeito que foi eleito com ele, que é um político tradicional, que ajudou a eleger Neilton Mulim, que ajudou a eleger Wilson Witzel no Estado e que gosta de posar como outsider da política. A gente tem cinco ex-secretários que são candidatos a prefeito ou vice-prefeito. Então, não são alternativas reais para que a cidade possa se desenvolver.

  • A disputa eleitoral em São Gonçalo costuma seguir para o segundo turno. Caso o senhor avance, há possibilidade de estabelecer alianças com adversários?

O segundo turno é uma eleição nova. Eventualmente, se estabelecem alianças, isso não é um problema. O que nós não admitimos é abrir mão do nosso programa. Estamos convencidos de que é o que a cidade precisa e não negociamos. Seguindo essas diretrizes de preservação do programa, não existe problema em receber apoio. A gestão pública não pode ser um feudo nos partidos. A estrutura de governo não pode ser um ambiente em que se aloque os interesses de vereadores, por exemplo.

  • E se o senhor não estiver na disputa no segundo turno, vai apoiar alguém?

A gente trabalha com a ideia de ir ao segundo turno porque eu tenho percebido um crescimento grande da nossa candidatura e acho que existe essa demanda por renovação. Acho que nenhuma outra candidatura representa isso tanto quanto a nossa.

Mobilidade

A mobilidade em São Gonçalo está entre as prioridades do candidato. Foto: Pedro Conforte

Um dos principais problemas da cidade de São Gonçalo, na opinião do candidato, é ter um modelo unimodal na cidade. Ricalde considera como 'inadmissível' que os moradores tenham apenas a opção de ônibus como transporte público e se compromete a lutar para trazer uma estação de barcas para a cidade, embora a iniciativa esbarre em outras esferas além do município.

"Ainda que a prefeitura não seja responsável direta, é preciso que o prefeito lidere a cidade. Não tem cabimento ter em Niterói duas estações de barcas e São Gonçalo não ter nenhuma. Isso acontece porque não existe na política local uma mobilização para garantir os interesses da cidade", afirma.

Outro ponto importante, na visão do prefeitável, é a construção de ciclovias que possam interligar a cidade e promover melhorias na mobilidade urbana. Segundo o candidato, o morador enfrente dificuldades até para se locomover a pé pelo município.

"A gente precisa projetar a construção de ciclovias para que a população possa se locomover com mais facilidade. Precisamos recuperar as calçadas, porque até andar a pé em São Gonçalo não é simples", conclui.

Ônibus

Ricalde afirma que uma das primeira medida a serem tomadas por ele, caso seja eleito como novo prefeito de São Gonçalo, será pôr fim ao contrato com o consórcio que administra a gestão de ônibus na cidade. Segundo o candidato, em contrapartida, uma nova licitação será feita, sem a previsão do que ele chama de 'monopólio'.

"O que a gente vê há bastante tempo é que as empresas de ônibus exercem uma grande influência na política. Existe um lobby muito forte que gerou inclusive um contrato de exclusividade com um consórcio que monopoliza o serviço na cidade. Vamos romper esse contrato atual"

Cara a cara

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